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[PCESP Podcast Extra #8] Disputa de consciências

Antes ou depois de pedalar

ouça, pense!

via [PCESP Podcast Extra #8] Disputa de consciências

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17 maio 2019 · 1:49 pm

Qual história te contaram

Lei assinada, não significa a inclusão na sociedade. Lentamente e por variadas maneiras os descendentes dos escravos desde o século XIX, estão se incluindo na sociedade. A arte é apenas uma das expressões da inclusão social em nosso território, chamado Brasil:

[imagens abaixo, o lançamento  Livro “Memória da Noite revisitada & outros poemas” do poeta Abelardo Rodrigues. Ação Educativa ]

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Foto: Antonio Miotto

Foto: Antonio Miotto

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Este post faz parte da Blogagem Coletiva Luiza Mahin organizada pelas Blogueiras Negras nos 125 anos de Abolição.

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CONVITE BLOGAGEM COLETIVA 13 DE MAIO PELOS 125 ANOS DE ABOLIÇÃO

Há 125 anos Dona Isabel, então princesa imperial regente em nome de Dom Pedro II, sancionava a lei áurea. Apesar da gravidade do problema sobre o qual versa, a simplicidade de sua redação é quase um acinte que ainda alimenta o mito da redenção em detrimento do entendimento da abolição como objeto de acaloradas discussões, contra e a favor, a libertação dos escravos – “É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil. Revogam-se as disposições em contrário.”

Porém, um simples exame na totalidade desse documento acrescenta algumas camadas ao entendimento do dia 13 de maio. Ali estão insinuados, por exemplo, os 65 anos de debates parlamentares sobre a liberdade de mulheres e homens negros, iniciados em 1823 com a representação de José de Bonifácio à Assembleia Geral Constituinte Legislativa do Império – “este comércio de carne humana é pois um cancro que rói as entranhas do Brasil”.

A construção efetiva cidadania de negros e afrodescendentes ainda é um projeto inacabado. Podemos dizer que tem sido lenta e gradual, à exemplo da própria abolição. Resulta numa incompletude que afeta a vida milhões de pessoas que não alcançamos os espaços de poder; somos sub representados política, artística e culturalmente; temos nossas vida abreviada pela oferta desigual de serviços oferecidos pelo Estado. Para a mulher negra esse panorama é ainda mais nefasto, vítima de racismo e machismo.

A primeira Blogagem Coletiva 13 de maio, personificada por Luiza Mahin, tem como objetivo repensarmos a Abolição nesse contexto. Para representar a empreitada, escolhemos entre os vultos ancestrais abolicionistas uma mulher da qual pouco se fala cuja biografia é uma mistura de realidade e ficção. Descrita inclusive por historiadores como João José Reis, inspirou a heroína Kehinde de Um defeito de cor, por Ana maria Gonçalves.

Não se sabe ao certo onde nasceu Luiza , se na Costa da Mina ou Bahia, mas é certo que é Nagô da tribo Mahin (Golfo do Benin, noroeste da África). Comprou sua liberdade em 1812, sobreviveu como quituteira em Salvador e teve, assim como as muitas mulheres negras vendedoras nas ruas, participação importantíssima na Revolta dos Malês (1835), parte da rede de agitações que precederam a abolição de 1888.

Usava seu tabuleiro para repassar as mensagens em árabe aos revolucionários. Conta-se que era uma princesa. Também é importante dizer que era mãe de Luís da Gama, o poeta, jornalista e advogado baiano abolicionista. Infelizmente pouco é sabido sobre o desenrolar da vida de Luíza Mahin. Alguns dizem que teria vivido no Maranhão, dando origem ao tambor de crioula. Outros acreditam que retornou à Africa.

Antes de mais nada, Luiza é Odùduwà, uma das divindades primordiais. Seu legado é a incansável disposição para a batalha, ainda que muitos desacreditem nossas demandas ou queiram nos fazer acreditar que não há nada a ser mudado sob ao argumento da cordialidade e da democracia racial. Ou ainda, que a abolição foi uma conclusão satisfatória para três séculos de escravidão e tratamento desumano.

COMO PARTICIPAR

Publique um post falando sobre os 125 anos de abolição no dia 13 de maio. Não se esqueça colocar a imagem que representa nossa blogagem e um linque para esse post. Assim poderemos divulgar seu material nas redes sociais.

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Este post faz parte da Blogagem Coletiva Luiza Mahin organizada pelas Blogueiras Negras nos 125 anos de Abolição.

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O jogo politíco

por 

Mesmo o mais alienado dos cidadãos desse país percebe que vivemos momentos turvos e complexos no que se refere a direitos humanos e liberdades, coletivas ou individuais. Não é pior ou igual ao período da ditadura militar. Óbvio que não. Toda a luta da esquerda até aqui impulsionou — não tenho dúvida ou medo de atribuir isso à esquerda — melhorias na qualidade de vida para os mais pobres, desde a diminuição da taxa de mortalidade infantil e jornada de trabalho até o acesso a serviços públicos. Mas está longe, muito longe, de podermos relaxar, sob qualquer aspecto.

Apesar da propalada democracia, temos um Estado altamente repressor e coercitivo. Não há uma única manifestação nesse país, além das religiosas (e talvez isso não seja apenas coincidência), que não seja reprimida. Sempre as mesmas cenas: polícia batendo, jogando gás de pimenta, um aparato sempre desproporcional ao tamanho da manifestação e a “criação” do clima do terror, com policiais à paisana em meio aos manifestantes fazendo fotos, helicópteros sobrevoando, armas sendo exibidas, provocações, policiais sem identificação na farda. Não é de hoje que denunciamos. Não é de hoje que observamos.

Sempre que há uma “direitização” na política fica a impressão de um perigo iminente oferecido pela esquerda — ou pelo menos é isso que sempre tentam nos fazer acreditar. Foi essa a justificativa para o golpe militar de 1964: “o perigo comunista”. Reforçavam os golpistas e seus apoiadores o boato que os comunistas eram capazes de atrocidades e “nossos salvadores da pátria”, “honrados”, nos livraram dos “terroristas comedores de criançinhas” COMETENDO ATROCIDADES. Mas como isso ficou nos porões e os porões foram fechados, o boato ainda persiste.

Não estou dizendo que a esquerda é santa e boazinha. Eu faço parte da esquerda que nasceu criticando as atrocidades do chamado socialismo real (experiências socialistas que foram endurecendo e cerceando a liberdade e se burocratizando e, por consequência, se perdendo, deixando de serem socialistas). Somos todos humanos, vivemos numa sociedade estruturada sobre preconceitos e a cultura da violência. Sempre lembro que o único animal capaz de articular, planejar, elaborar e executar a maldade é o ser humano. Mas também que a única chance de nós, humanos, termos uma vida com o mínimo de justiça e paz é num sistema que tenha o humano como parâmetro, e não o dinheiro ou coisas.

“O liberalismo pensa estar defendendo o indivíduo quando nega a primazia do social, ou diz que uma sociedade é apenas um conjunto de ambições autônomas. O culto ao individualismo seria um culto à liberdade se não elegesse como seu paradigma supremo a liberdade de lucrar, e como referência moral a moral do mercado. Se não fosse apenas a última das muitas tentativas de substituir o Ser Humano como a medida de tudo, e seu direito à vida e à dignidade como o único direito a ser cultuado. Já tentaram rebaixar o homem a mero servo de uma ordem divina, a autômato descartável de engrenagens industriais, a estatística sem identidade de regimes totalitários, e agora a uma comodidade entre outras comodidades, com nenhuma liberdade para escolher seu destino individual e o mundo em que quer viver. Mas o indivíduo só é realmente um indivíduo numa sociedade igualitária, como só existirá liberdade real onde os valores neoliberais não prevalecerem.” — Luis Fernando Veríssimo, trecho de O Parâmetro Humano (crônica publicada em Zero Hora ao final dos cinco dias do primeiro Fórum Social Mundial, em janeiro de 2001, em Porto Alegre-RS).

O golpe militar não foi para conter a ameaça comunista ou para manter a ordem. Ele fez parte de uma articulação internacional que beneficiou os EUA na dita guerra fria. Nós éramos/somos o quintal estadunidense. Não acredite em mim, assista a essa entrevista do professor Enrique Serra Padrós falando sobre a América Latina, com foco na Doutrina de Segurança Nacional e Operação Condor nos vídeos 123 e 4. Ou seja, não estamos falando de política como discussão/decisão coletiva sobre a vida das pessoas, mas sobre interesses políticos que geram lucro e poder. As pessoas no meio disso? Danem-se! Aí, sim, os comunistas (na verdade qualquer um que ousasse questionar o processo) viraram ameaça. Não era só a luta quase ingênua e romântica contra a truculência e por liberdade. Era a percepção de todo esse processo e a organização (mesmo que sujeita a cometer erros) para tentar de alguma forma barrá-lo.

Se com liberdade de expressão e organização é difícil explicar isso para as pessoas — uma vez que no pouco e raso de educação que temos não privilegiamos a formação de cidadãos, porque ao capital interessa formar mão de obra obediente –, imaginem sem!

Não é que a luta por Direitos Humanos seja maior ou menor que qualquer luta. É que não deveríamos lutar por direitos humanos. A vida deveria ter valor universal em qualquer sociedade, e o zelo por sua manutenção obrigação de qualquer Estado e ideologia. As disputas e discussões políticas deveriam se dar a partir dessa garantia.

Os sinais do processo de direitização que estamos vivendo são evidentes. O que já era ruim em termos de direitos humanos, só faz piorar. Há uma ameaça comunista? Queria que houvesse, mas não. Há sim, interesses maiores em bens públicos nacionais. Enquanto nos debatemos contra pastores evangélicos que decidiram se aventurar na política para aumentarem seu poder e lucros pessoais e que refletem e evidenciam todos os preconceitos estruturais dessa sociedade, grupos muito mais organizados que a dita bancada evangélica aumentam a passos largos o seu poder de influência em todos os poderes (executivo, legislativo e judiciário) da República. O moralismo religioso é apenas cortina de fumaça para esconder um jogo de interesses bem maior. Tal e qual durante a ditadura.

Ameaçar direitos humanos conquistados nada mais é do que nos desviar de outra luta para voltar atrás numa luta já vencida. A isso se chama estratégia. Talvez no nosso caso seja um chacoalhão para acordar todo mundo que estava parado, alheio a banda que estava passando. O que me parece é que a banda estava passando descarada demais, alegórica demais, e antes que alguém mais percebesse…

O que temos a ver com isso? Eu, tu, o BiscateSC? Somos a moeda de troco/troca na barganha do jogo político. É a nossa vida, nossos direitos que são rifados nas negociações da macro-política. Se negar a pensar sobre política é abrir mão do direito de pensar e decidir sobre nossas vidas. Não adianta se reafirmar biscate com orgulho se permitirmos que as decisões políticas que definem nossas vidas sejam tomadas por moralistas retrógrados.

Post participante da VII Blogagem Coletiva #desarquivandoBR

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Beijaço

Um ‘beijaço’ (Kiss in) acontecerá (hoje) dia 07 de fevereiro na Avenida Paulista, esquina com Rua Augusta, às 17 horas na cidade de São Paulo.

Trata-se de um ato público, organizado por tuiteiros que usam o ciberativismo como ferramenta de mudança social.

Dele, participam mulheres e homens; homo, hétero e bissexuais, travestis e transexuais. Pessoas preocupadas em defender medidas históricas contempladas no 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, apresentado pela Secretária Nacional de Direitos Humanos do Governo Federal.

Dentre estes direitos estão: a união civil entre pessoas do mesmo sexo, a criminalização da homofobia, a legalização do aborto e a adoção homoparental. Estas propostas foram duramente atacadas, sobretudo por setores da imprensa e por lideranças religiosas católicas (CNBB).

Em defesa do PNDH3, os participantes do Beijaço querem, por meio de sua afetividade, vir a público expressar seu comprometimento e apoio a implementação destas políticas públicas, e ainda expressar seu repúdio ao ataque vazio e fanático do qual o plano está sendo vítima.

Visto que a laicidade do Estado é garantida em constituição, não há motivo justo que barre a aprovação desse projeto, a não ser o ranço reacionário que atravanca sua aprovação.

O 3º Plano Nacional de Direitos Humanos foi amplamente discutido na Conferência Nacional de Direitos Humanos em 2008. Ao ser divulgado, entretanto, em dezembro do ano passado, passou a ser criticado e distorcido por setores da sociedade brasileira que querem que sejam públicos os seus interesses privados. Entre estes setores está a direita partidária, a imprensa conservadora e setores reacionários religiosos.

O PNDH3 toca em questões fundamentais para a sociedade brasileira, e busca corrigir distorções graves relativas aos direitos do cidadão brasileiro. As ações propostas pelo Plano colocariam o Brasil lado a lado com países que há tempos respeitam o indivíduo e sua dignidade.

É por isso que, visando justiça, liberdade e igualdade ele recomenda: a descriminalização e a legalização do aborto, bem como sua realização na rede pública de saúde, o apoio a uma legislação que garanta igualdade jurídica para os cidadãos LGBT, como a lei que reconhece a união civil entre pessoas do mesmo sexo, recomenda que se assegure um marco jurídico na questão dos conflitos agrários e, por fim, recomenda a instituição de uma comissão para investigar os crimes de tortura perpetrados pelo exército durante a ditadura militar.

O plano também prevê o cumprimento da Constituição quanto ao caráter laico do Estado brasileiro e pede a retirada de ícones religiosos de instituições públicas, para preservar os valores da igualdade na diversidade, alteridade e a valorização da pluralidade.

Setores da sociedade brasileira que habitualmente escondem seu conservadorismo em uma retórica politicamente correta foram finalmente evidenciados por seu caráter retrógrado, anti-libertário e preconceituoso.

Por isso, convocamos a todos que, tão indignados como nós com a perseguição ao PNDH3, querem se manifestar de forma pacífica, bem humorada e afetuosa, a comparecer à esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta, espaço tão diverso da cidade de São Paulo, no dia 7 de fevereiro, domingo, às 17 horas, para promover um beijaço em favor da liberdade e do respeito a todas as formas de amor e a livre escolha.

A ideia é mostrar, com muita alegria, que as pessoas são diferentes umas das outras, nascem, vivem, se beijam, amam, se relacionam com quem bem entendem, e independente de um ou outro grupo que torce o nariz, sua vida vai continuar acontecendo no anonimato de suas casas.

Não adianta um padre, um jornalista ou um senador achar que vai impedir os gays de constituir família, as mulheres de dispor de suas vidas ou o mundo de girar.

Isso acontece, e o PNDH, as militâncias e lutas sociais servem para reconhecer essa existência e garantir que o Estado não negligencie nenhum cidadão ou lhe tire o direito à dignidade.

info dos 300

leia mais tb

Global Voice – aqui

Cultivando a Verdade – aqui

Revista Brasileiros – aqui

Sakamoto – aqui

Boca no Trombone – aqui

Tsavkko – aqui

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Agora e depois de 2010

Ou melhor,  entre o passado e o futuro:

“Quem achou que tínhamos nos livrado do Maluf não esperava que este morto-vivo voltaria encarnado na pele pálida de um governador zumbi. Sugiro a todos que passem a tratá-lo apenas como Maluf, pelo menos é o que eu tenho feito.

P.S: Fiz as artes depois de ver este pixo em uma das pontes da Marginal Tietê.”

Arte: Igual Você

Arte: Igual Você


Ele voltou!

Cidade de quem ?

O peso de nossas mãos

O golpe da comenda

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O desabafo da Alexandra

Foto: Belle

Foto: Belle

Um desabafo

por Alexandra Peixoto, no blog Boca no Trombone

Amigas, amigos, leitores do blog e ainda os não-leitores.

Estou aqui para um desabafo.

Para quem não me conhece, um breve resumo da minha trajetória de vida: nasci no subúrbio do Rio de Janeiro, numa família pobre. Estudei minha vida inteira em escola pública. Dei sorte de estudar no Pedro II, é verdade. Mas o fato é que minha família não tinha a menor condição de nos dar uma educação particular.

E os perrengues eram parte do dia-a-dia. Lembro que um dia um circo chegou no bairro, um circo daqueles bem pobrezinhos, e corri para pedir dinheiro para a Zezé, minha mãe. Nossa, eu chorava de um lado, porque não acreditava que ela não tinha dinheiro para que eu pudesse ver os palhaços e ela chorava porque não acreditava que estava negando isso às suas filhas. Era fato, não tinha dinheiro.

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Foto: Belle

Me lembro da primeira passeata que fui. Eu tinha 8 anos. Lembro de ver a Glória Maria (embora muito tempo depois tenha descoberto que ela não estava orientada a cobrir o evento de forma imparcial). A passeata, a primeira de minha vida foi o comício das Diretas Já. Minha mãe fazia cabides de crianças e pegou dois fios verde e amarelo e nos enfeitou a juba. Me lembro da Zezé emocionada e meus braços arrepiados com toda aquela gente.

Lembro dela votando no Brizola, no Darcy, quase sempre no PDT. Ela sempre foi esquerdinha, essa Zezé. E teve a morte do Tancredo. Foi um velório lá em casa.

Bem, posso ficar contando aqui muita coisa. Mas o fato é que minha história de vida é a mesma da maioria das pessoas desse Brasil. Sofrida, cheia de adversidades.

Foto: Belle

Foto: Belle

A questão é: o que isso tudo tem a ver com o blog?

Muitas pessoas já me perguntaram o por quê de tanta dedicação ao Boca no Trombone.

Sim, eu dedico muito tempo, tempo até demais, a esse projeto. Porque eu acredito que nós, cidadãos, temos um poder que não sabemos. Ou se sabemos, não usamos. Simplesmente não exercemos plenamente nossa cidadania. Nos conformamos apenas, na maioria dos casos, em sermos consumidores passivos, observadores apáticos e eleitores distraídos. Estamos desmobilizados, inertes. Nem sequer percebemos que todos os dias estamos sendo manipulados, via jornais e telejornais. E isso me incomoda, muito mesmo. Porque quando vejo os gregos quebrando tudo por causa da morte de um único jovem pela polícia, penso: por que isso não acontece no Brasil? Por que somos tão apáticos, tão passivos? Mino Carta já disse que temos ainda, no nosso lombo e na nossa alma, a marca do chicote.

Foto: Belle

Foto: Belle

Mas até quando vamos permitir a essa elite esse domínio, esse controle de nossa riqueza, produzida com o suor de nossos pais, avós e filhos? Até quando vamos permitir essa corrupção generalizada e esse pacto dos potentes? Até quando vamos nos conformar em ser chicoteados numa plataforma de trem?

Eu não concordo com as pautas dos jornais, eu não acredito na cobertura do Jornal Nacional, eu não uso a Veja nem pra limpar minha bunda, caso faltasse um papel higiênico. Ainda bem que chegou a internet e ainda bem que eu consigo peneirar o que é jornalismo confiável. Tem muita gente boa, muitos jornalistas que divergem horrores entre si, mas que a gente pode confiar que não vão manipular os fatos, não vão distorcer a verdade. E simplesmente, é isso que que desejo.

O fato. A verdade. Os dois lados da moeda. Sempre. Infelizmente essa ferramenta não chega ainda ao povão, de forma barata e com qualidade. E quando chega a galera está mais interessada em sites de relacionamento e de fofocas do que realmente em aproveitar todo o potencial que esse trem tem. Mas isso está mudando. Até o Lula vai ter um blog. Depois do Obama, até o nosso presidente percebeu o poder da internet. Por isso tem aquele senador do PSDB, o Eduardo Azeredo, o pai do mensalão.

Ele quer passar uma lei que vai controlar absurdamente o acesso à internet. Porque ele sabe, e as empresas que ele representa sabem o poder que esse troço tem. Eles acham que irão conseguir. Não irão. Não se daqui pra frente nos mobilizarmos para impedir esse controle. Porque essa ferramenta, a internet, ela é DEMOCRÁTICA, sacou? Ela nos conecta com o mundo!

Partindo desse princípio, o Boca no Trombone se transformou na minha válvula de escape, no meu prozac. Que televisão que nada, aquele monólogo colorido que não deixa as pessoas conversarem. Eu quero é me expressar, mesmo que aqui não tenha muitos textos meus (porque sou preguiçosa pra escrever).

E o jeito que encontrei de militar foi esse: divulgar textos, temas, assuntos e pautas que não tem espaço na grande mídia, esta que atende exclusivamente aos seus próprios interesses e aos de seus patrocinadores. Porque não interessa aos potentes que o povo se informe, que o povo saiba da verdade, nua e crua. Não, o que essa mídia faz é nos distrair. Que o povo se contente com as novelas e programas policiais enquanto estamos aqui a dividir o bolo grande, a bufunfa.

Sei que pego pesado nos temas aqui. Mas de amenidades o inferno já está cheio. Quero mais é botar fogo mesmo. Quero mais é que esses textos cheguem até vocês e que vocês, leitores, fiquem putos. Quero também mostrar o que de bom e positivo nosso povo tem feito para driblar as dificuldades. Eita povo criativo, sô.

Sempre que alguma idéia nova surge, alguma tecnologia social que aparece para melhorar a vida das pessoas, eu trago aqui pra vocês. Não tudo, porque não consigo saber de tudo, mas tô na busca. Na busca por um mundo melhor, não só pra mim, mas pra todos. Pros nossos filhos, netos, sobrinhos e todas as gerações futuras. Temos de deixar de ser egoístas e pensar que não temos um legado a deixar. E nosso legado pode ser pura destruição ou poder ser algo mais bonito, cheiroso, respirável, bebível, saudável.

E é nessa tecla que baterei incansavelmente: outro mundo é possível e o capitalismo, em profunda crise, está mais que na hora de morrer para dar a vez a outras possibilidades e definitivamente elas terão de incluir o bem-estar, a justiça, a igualdade e a sustentabilidade.

Foto: Belle

Foto: Belle

Por isso não abandonarei nunca esse jeito eco-chato de ser, porque, infelizmente, não temos outra saída. A saída é consumir menos, de forma consciente, pensando em cada resíduo produzido por nós. A saída é pensar coletivamente, e não individualmente. A saída é exigir uma democracia de verdade. É botar a boca no trombone, bater panela, ir para as ruas, exigir um governo do povo, pelo povo e para o povo. A saída é se informar mais e melhor, é desligar a TV, é cultivar a diversidade e o ouvir. É olhar para os lados, pra trás e pra frente e deixar de olhar exclusivamente para o próprio umbigo.

O Blog Boca no Trombone é para isso: uma ferramenta para os curiosos e inquietos que acreditam no saber e na informação como forma de revolução.

É isso, quem gosta do blog, por favor, ajude a divulgar. Uma vez no blog, a possibilidade de achar um sem número de sites e blogs legais é infinita.

Um grande abraço,

Alê

blog boca no trombone

outro desabafo: blog Feliz Cidade Feliz

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2 DIAS de festa, música y política

spfev

Dois dias de festa, música e política!
| Veganismo | autogestão | ação-direta | música | faça-você-mesm# | política |

“não somos nada se não formos tudo ao mesmo tempo…”

SÁBADO

Dia 21 de Fevereiro
a partir das 13h
Entrada 6$

Atividades:

Bate-papo sobre Permacultura, seguida de oficina de horta e compostagem em lugares pequenos
(Você Tem Que Desistir)

Debate/palestra:
“Crítica à Modernidade”
Formas de vida, necessidades criadas e transtornos que não são mais que consequências da modernidade. O que isso tem a ver com o Veganismo?
(Coordinadora de Liberación Animal Buenos Aires)

Exibição do Vídeo “Breaking the Spells”, seguido de debate
A partir da exibição do filme “Breaking The Spells”, de autoria da Crimethinc, onde é retratado, pelos própios indivíduos envolvidos, toda a efervescência dos atos anti-globalização que acorreram em  Seatle 1999, e pela exibição do trailer do filme hollywoodiano “Batle in Seatle”, análogo pelo assunto ao primeiro, mas produzido pela Reedwood Palms Pictures, será aberto um debate para entendermos melhor como a espetacularização sistemática da resistência tem como conseqüência, além de todo o lucro gerado, o esvaziamento do sentimento de possibilidade de atuação pelo distanciamento do indivíduo (agora na condição de espectador) do ato em si, da resistência propiamente dita, e do aprisionamento temporal dos acontecimentos, como sendo algo restrito aquele tempo-espaço e não sendo constante, assim, mais uma vez, afogando as possibilidades de atuação pela condição contemplativa do passado própia do espectador.

Show com as bandas:

Animinimalista (argentina) – http://myspace.com/animinimyspace
Fuera de Línea (chile) – www.myspace.com/fueradelinea
Vivenciar (rio de janeiro) – http://www.myspace.com/vivenciar
Você Tem Que Desistir (sp)

DOMINGO

Dia 22/02
a partir das 13h
Entrada 6$

Atividades:

Oficina de serigrafia caseira

Oficina de Áudio DIY
(Você Tem Que Desistir)

Debate/palestra:
“Críticas aos modelos políticos humanistas-antropocentricos”
Vivemos em uma sociedade que tem como parâmetro somente as necessidades humanas. Como anarquistas e vegans lutamos contra isso.
(Coordinadora de Liberación Animal Buenos Aires)

Exibição do Vídeo Sinfonia Animal, seguido de bate-papo
Relações entre animais humanos e não humanos no espaço urbano, imposição/roubo do espaço.

Show com as bandas:

Los Perversos (argentina) – http://www.myspace.com/losperversos
Intenta Detenerme (chile) – www.myspace.com/intentadetenerme
Nossa Vingança (sp)
Cúrcio Corsi (rio de janeiro)

Comida vegana, feira de materiais, conversas e música boa!

Local:
Espaço Impróprio
Rua dona antonia de queiroz, 40 | Consolação – SP

Los Perversos & Animinimalista também tocam em:
Porto Alegre 14 de Fevereiro
Curitiba 15 de Fevereiro (com Você Tem Que Desistir)
São Paulo 21 e 22 de Fevereiro (com Você Tem Que Desistir)
Sorocaba 23 de Fevereiro
Divinópolis 24 de Fevereiro (com Você Tem Que Desistir)
Belo Horizonte 27, 28 de Fevereiro e 1 de Março (com Você Tem Que Desistir)
Rio de Janeiro 06, 07 e 08 de Março (com Você Tem Que Desistir)
São Paulo 20 e 21 de Março
Santo André 22 de Março (com Você Tem Que Desistir)

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