Evelyn Araripe, jovem jornalista que habita a grande cidade, relata a tentativa de assassinato que sofreu.
“Hoje[22/09] foi, talvez, a primeira vez na minha vida que eu achei que uma motorista ia me matar de propósito no trânsito.
Em plena Rua dos Pinheiros uma mulher, com um bebê segurado no colo por uma babá no banco de traz (o uniforme branco na mulher negra dava a entender que ela era funcionária da motorista ), começou a me insultar cada vez que passava por mim. Pois, sim, eu ultrapassava ela em vários momentos e ela me alcançava novamente para me insultar com frases do tipo “sai da rua”, “você vai morrer”, “sai da minha frente”…
Só disse para ela tomar cuidado, pois atitudes como aquela ia fazer um ciclista detestá-la e ela poderia perder um retrovisor ou um para-brisa por causa da ignorância dela. Ela riu. Eu segui em frente.
Poucos segundos bastaram não só para ela me alcançar, mas para jogar de vez o carro em cima de mim, ao ponto em que ela estava prestes a me esmagar entre o carro dela e um carro estacionado na rua. Naquela hora pensei “morri”!.
Um pedestre na esquina gritou esbravejando contra a mulher, ela xingou ele. Mas no mesmo instante chegaram dois rapazes de moto. Foi uma coisa meio filme de super heróis, quando a mocinha está em apuros e aparece aquele super herói para salvá-la.
Os rapazes gritaram com ela, um esbravejava em um tom assustador “qual o seu problema? você é louca? vai matar a ciclista?”. Ela se assustou e voltou para o lugar dela. Eu segui pedalando tremendo da cabeça aos pés.
O motociclista, não satisfeito por ter me salvado, continuou conduzindo a moto lentamente ao lado da motorista, xingando ela e dizendo que não sairia de perto da mulher enquanto ela não se afastasse de perto de mim… ela estremeceu e virou na esquina seguinte para se livrar daquela situação que ela mesma se colocou.
Agradeci no semáforo o motociclista. Ele disse que não precisava agradecer, pois as pessoas estão doentes nesse trânsito e precisamos proteger uns aos outros.
Hoje essa motorista, provavelmente, aprendeu que já vivemos em uma cidade e em uma sociedade onde algumas agressões contra os ciclistas já não são mais aceitas. Fiquei feliz em perceber que cada dia mais as pessoas enxergam os ciclistas paulistanos também como sujeitos de direitos.
Portanto, atenção biciclofóbicos. A cidade não está mais disposta a tolerar as suas agressões.
Espero que o bebê do banco de traz do carro concorde comigo!”